Gazeta Do Rio Pardo

Padre Donizetti vira ‘venerável’ e beato

Padre Donizetti

O próximo passo do Vaticano será a canonização do padre, explica o cônego Darcie

O papa Francisco reconheceu o primeiro milagre do padre Donizetti, de Tambaú, que agora passa a ter o título de “venerável” e beato pelas normas religiosas implantadas pelo catolicismo romano. Luis Henrique Tobias, da rádio Difusora, entrevistou o cônego João Antônio Darcie, pároco da Matriz de São José e autor do livro “O venerável Pe. Donizetti, de ontem para hoje”, para entender o processo de beatificação e canonização.

Beatificação

O pároco Darcie falou sobre a diferença das nomeações de “venerável” para beato. “O venerável é quando a igreja aprova as virtudes heroicas, que formam a prática das virtudes teologais e as cardeais: fé, esperança, caridade, prudência, justiça, temperança e fortaleza. E realmente o padre Donizetti foi mestre em praticar essas virtudes. Por essa razão, ele é considerado venerável. Ele foi proclamado beato agora, porque antes já havia sido venerável”.

“Essa venerabilidade então, se estendeu em toda diocese, como um passo rumo à canonização. Para ser proclamado beato, as virtudes já foram confirmadas na venerabilidade, então para se tornar beato, é preciso um milagre após a morte. Ele fez muitos milagres durante a vida, mas é necessário que haja um após a morte, e isso foi constatado. Como esse milagre foi aprovado, ele foi considerado pela igreja um beato”, explica ele.

Canonização

Segundo Darcie, o próximo passo que está sendo estudado pelo Vaticano é a canonização do padre. Para se tornar santo, ele precisaria de um milagre após a beatificação. Os responsáveis por organizar o trabalho, tanto de beatificação como canonização, estiveram reunidos em São João da Boa Vista com o bispo e já começaram o processo.

“Eles pediram que eu elaborasse um resumo de apenas uma página da vida do padre, e que depois eu estendesse essa página de maneira explicada em cinco páginas, para enviar a Roma, e a partir daí, estudar o processo de canonização do padre Donizetti. Inclusive, quando isso foi pedido estava presente o encarregado de Roma dessa área de beatificação e canonização”, conta Darcie.

Livro

João Darcie explica como desenvolveu o livro sobre a vida do padre Donizetti. “Como nós já temos três obras de biografia do padre Donizetti, muito boas, profundas e bem documentadas, resolvi fazer um pouco diferente. Procurei juntar os três livros de biografia dele e a posicio, que é o documento que os bispos de Roma elaboraram para conhecimento das obras de caridade e sobretudo das virtudes em grau heroico. Procurei estudar a personalidade dele. Qual o fio condutor da essência da vida dele”.

“E descobri que o padre realmente era uma pessoa de presença muito forte, uma pessoa até brava e exigente em cima do pedido. Não admitia erros morais diante da fé, e ao mesmo tempo portador de um coração muito bom, muito generoso. Duas virtudes difíceis de coabitarem. O amor e a justiça. Ele conseguiu praticar as duas. Para mim, foi uma descoberta muito grande saber que eu pude encontrar na vida uma pessoa que praticou a exigência e a misericórdia ao mesmo tempo de maneira heroica”, afirma o pároco.

“Para mim é uma grande alegria saber sobretudo que um padre do meu tipo se tornou santo, porque o padre Donizetti, era diocesano, não era padre de congregação, não era bispo, nem cardeal. Um simples vigário de aldeia, digamos assim, na linguagem antiga. Saber que um homem deste em um lugar tão limitado conseguiu repercussão no mundo inteiro, é uma grande alegria”, encerra.

Cônego Darci com sua obra “O venerável Pe. Donizetti, de ontem para hoje”