Gazeta Do Rio Pardo

Aulas presenciais podem não voltar em setembro

Kátia Alencar, secretária municipal da educação

“Estamos em uma posição de muita insegurança e incerteza”, admite a secretária Kátia Alencar

A secretária municipal da Educação, Kátia Alencar, falando ao ‘Jornal do Meio Dia’, disse que ainda tem dúvidas quanto ao retorno das aulas presenciais nas escolas e creches municipais. Além disso, o coordenador executivo do Centro de Contingência do combate ao coronavírus em São Paulo , João Gabbardo , disse que essa previsão de volta às aulas em setembro pode precisar ser adiada. “Não vai ser possível de ser realizada”, disse nesta sexta-feira, dia 24 de julho.

Uma pesquisa feita pela própria Secretaria Municipal de Educação junto aos pais dos alunos, mostrou que a maioria não quer as aulas presenciais. Kátia, porém, falou no início da entrevista sobre o Fundeb.

“Atualmente o repasse é de 10%, e a partir do ano que vem será 12%, aí vai aumentando gradualmente até chegar em 2026 com 23%. Isso é muito bom para o município, é através do Fundeb que a gente faz a folha de pagamento dos professores, então há uma valorização salarial nessa parte. Tudo o que envolve magistério pode ser utilizado com recurso do Fundeb. No mínimo, 60% tem que ser destinado para a folha de pagamento, os outros 40% atualmente destinamos para despesas do magistério”, comentou ela.

Volta às aulas

A Secretaria Municipal da Educação fez um levantamento sobre o que os pais pensam com relação a volta das aulas presenciais. Professores e pais da rede municipal de ensino foram consultados via WhatsApp, com retorno de 2.683 respostas.

“Tivemos um resultado impressionante, 78,5% dos pais ainda estão inseguros. Não tiramos a razão deles. 80% dos pais já voltaram a trabalhar, e 30,6% das crianças estão ficando com avós, que são grupo de risco, o que nos preocupa. As crianças são assintomáticas, se forem para a escola podem adquirir o vírus, levar para a casa e ter contato com os avós. É muito grave isso. Nós divulgamos essa pesquisa porque o Comitê Municipal de Gerenciamento de Crise se interessou por esses dados”, informou. “Se o Comitê de Crise achar que é um risco muito grande para o município reabrir as escolas e não autorizar, a gente não volta. Aí continuaremos com as atividades remotas”.

“Aplicamos uma pesquisa para os funcionários também, que estão inseguros e com medo. Fizemos a pesquisa com um psicólogo sobre a fadiga do isolamento e o estresse. Tivemos a resposta de 222 professores, o que eles estão sentindo. O medo foi muito pautado, e ele nos paralisa. Estão todos apavorados, mas não podemos deixar isso assim”, prosseguiu, lembrando que para o retorno às aulas presenciais o município precisa estar na fase amarela.

Ensino remoto

“As atividades remotas estão sendo computadas como ano letivo. Perguntamos se os pais estão acompanhando as atividades remotas e 80% disse sim. Percebemos isso, porque a cada 15 dias o professor pede a devolutiva do material e acompanha a todo momento no grupo do whatsapp o feedback dos pais”, disse.

Protocolos

“Estamos elaborando um comitê escolar, que conta com professores, funcionários, pais e alunos do Fundamental II. Nesse comitê, a gente determina ações que as escolas terão que tomar, os materiais que a Secretaria tem que adquirir, como tapete higienizador, álcool em gel, termômetro infravermelho. Vamos abrir uma solicitação para isso, além de protocolo de entrada e saída de cada escola, dos refeitórios, de como irão agir, quem serão os responsáveis para aferir a temperatura das crianças”, informou.

Reprovação

“Só quem vai saber se o aluno deverá repetir ou não, é o professor quando as aulas voltarem, depois que fizermos uma avaliação diagnóstica. A repetência só vai ocorrer se tivermos evasão, se a criança sumir e não conseguirmos localiza-la mais, ou se ela não participou de forma alguma das atividades remotas. É obrigação dos pais participarem, ajudarem as crianças a fazerem as atividades. Isso é lei”, encerrou.