quarta-feira , 1 maio 2024
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A febre das figurinhas está de volta

A Praça do Mercado reúne famílias inteiras na feira de troca de figurinhas

Por Gilmar Ishikawa

Aos poucos eles vão chegando e de repente são dezenas. Com listas nas mãos, caneta e, claro, álbuns e figurinhas. Todo final de semana é assim na Praça Barão do Rio Branco. As manhãs de domingo são as preferidas para as reuniões dos colecionadores de cromos do Álbum da Copa 2022.

Lançado em agosto, o Álbum da Copa de 2022, da editora Panini, custa em média R$ 12 a versão simples e R$ 44,90 a versão capa dura.

De acordo com Jorge Melo, da Banca do Mercado, considerando que cada pacote contém 5 cromos e custa R$ 4,00, para completar o livro é necessário um investimento de aproximadamente R$ 600 reais. “Mas isso, caso não haja nenhuma repetida”, avisa o vendedor, explicando ainda que ao todo são 670 figurinhas na publicação.

Desde o lançamento, todos os finais de semana têm sido assim: pais, mães, avós, tios, filhos, netos, sobrinhos, vizinhos. Homens e mulheres, adultos e crianças. Todo mundo se junta na missão de reunir os craques das seleções, nos livretos especiais.

Dois, dos muitos que por ali estavam, na manhã de domingo (11) eram Eduardo César Modesto e Pietro Modesto de Paiva. O garoto comenta que é o seu primeiro álbum, está começando agora e conta com o apoio do tio. “Viemos comprar umas figurinhas e também trocar, se houver repetidas”, comenta Eduardo.

Lendas e raridades

Nesta edição da publicação, a febre são as “figurinhas raras”, cromos extras, considerados especiais. “E tem um detalhe: não tem espaço para serem coladas no álbum. Elas são mesmo extras, ficam sobrando”, comenta Jorge.

Chamados “Legend”, os cromos extras somam 80 figurinhas, de 20 jogadores específicos e existem nas versões: bordô, bronze, prata e ouro. Os colecionadores dizem que para encontrar as tais figurinhas é necessário comprar muitos pacotes.

Existe até uma proporção matemática das figurinhas raras. É possível que a cada 190 pacotes de figurinhas exista um cromo extra bordô. E a dificuldade só aumenta. Por exemplo: um cromo bronze, a cada 317 pacotes; prata, a cada 950 e, ouro, a cada 1.900 pacotinhos.

E é bom que haja dinheiro. Se a meta do colecionador for garantir pelo menos uma figurinha de cada cor, terá de investir os seguintes valores: Bordô: R$ 760,00; Bronze: R$ 1.268,00; Prata: R$ 3.800,00; Ouro: R$ 7.600,00. Na internet há até truques para ajudar os colecionadores a evitarem gastar tanto: um deles, pesar os pacotes. Mas as bancas resolveram colocar fim na prática e estão proibindo escolher e pesar os pacotes de cromos.

As figurinhas raras do Álbum da Copa de 2022 são as seguintes: Neymar Jr (Brasil), Lionel Messi (Argentina), Luis Suárez (Uruguai), Giovanni Reyna (Estados Unidos), Kevin de Bruyne (Bélgica), Robert Lewandowski (Polônia), Cristiano Ronaldo (Portugal), Almoez Ali (Catar), Gavi (Espanha), Kylian Mbappé (França), Heung-Min Son (Coréia do Sul), Luka Modric (Croácia), Raphaël Varane (França), Sadio Mané (Senegal), Alphonso Davies (Canadá), Ryan Gravenberch (Holanda), Dusan Vlahovic (Sérvia), Jude Bellingham (Inglaterra), Christian Eriksen (Dinamarca) e Guillermo Ochoa (México).

Em função da raridade dos cromos de Neymar Jr, no início das vendas já houve ofertas da figurinha Gold na internet por até R$ 9 mil, ou seja, mais de 7 salários mínimos.

Passada a febre inicial, dos cromos raros, por aqui, na feira de trocas da Praça Barão, há negociação de cromos especiais em valores bem mais modestos, na ordem de R$ 50 a R$ 60,00. Lógico, não são do Neymar, estas continuam com preços elevados.

Ele tem todas

Ali em um canto da praça, uma pessoa chama a atenção. É Wellington Fernandes de Oliveira. O rapaz abre uma sacola onde estão dezenas, centenas de figurinhas, de todas as equipes.

Vendedor ambulante daquelas capas para bancos de carros, ele diz que anda muito pelas cidades da região. Além de colecionar nos próprios álbuns, disse que percebeu a procura das pessoas pelos cromos e viu a oportunidade comercial do negócio. “É uma intera pra pagar as contas”, diz.

Ele diz que o negócio dele é facilitar para que o colecionador complete o álbum. “Como eu vendo as figurinhas individuais, as pessoas acabam comprando somente aquelas que estão precisando e evitam juntar figurinhas repetidas”, explicou.

“Tenho todas do Neymar”, diz ele, abrindo uma pasta com as quatro figurinhas mais comentadas do momento, as Legend Neymar Jr.

Ajudando pessoas de outras cidades

Entre os frequentadores da feira de figurinhas, encontramos também o advogado Fernando Folharini. “Tenho álbuns de outras Copas. Estão em algum lugar em casa, das copas de 1974, 2014, 2018”, diz.

Além de colecionar, ele também ajuda outras pessoas a completarem os álbuns. Nas mãos, várias listas de figurinhas faltantes para ele, amigos e familiares.

“Houve uma Copa em que eu estava em Atibaia. As pessoas de lá pediam ajuda para tentar encontrar figurinhas para elas. As daqui, pediam também. Então eu levava e trazia, ajudando completarem os álbuns. E agora estou de novo fazendo esse intercâmbio”, comenta.

Segundo Folharini, é um ato solidário e que virou uma terapia. “Com isso eu me distraio, esqueço as preocupações, o trabalho”, afirma, enquanto totaliza a compra de mais de 250 figurinhas encomendadas por familiares e amigos.

“Na Copa passada, a quantidade de pessoas aqui era muito maior. A gente percebe que desta vez há menos”, compara, observando que, em relação à Copa de 2018, a concentração de pessoas trocando e vendendo figurinhas na Praça do Mercado diminuiu bastante.

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